quinta-feira, 28 de julho de 2011

Reportagem Diario de Caratinga, quarta feira, 20 julho 2011



REGIONAL

Fazenda Água Limpa

Ambientalista denuncia descaso

O conhecido Vicente Van Gogh, pseudônimo adotado por Luiz Carlos Vicente, de Caratinga, continua travando uma luta inglória e de final imprevisível. Há mais de cinco anos batalha para ver transformado em reserva ambiental, o que sobrou da Fazenda Água Limpa, em área que pertence ao distrito de Itajutiba, no município de Inhapim. O terreno mede aproximadamente 500 ha e já foi de seu avô, tendo passado, sucessivamente a outros donos e hoje está em nome de uma família da cidade.
O casarão da sede da fazenda foi construído no início do século 20, segundo Van Gogh, e ameaça ruir por falta de manutenção. Abandonada a fazenda, a vegetação nativa vem se recompondo gradativamente, embora ocorram caça ilegal e eventualmente, abate de árvores protegidas por lei.

BATALHA

Vicente Van Gogh comenta que há cinco anos, pelo menos, tenta a intervenção de órgãos públicos com ações que preservem o que sobrou da fazenda. “Sem sucesso até agora”, lamenta. Em 2008, por exemplo, manteve contato com o escritório regional do Ibama, em Governador Valadares. Nenhuma ação concreta foi tomada, o que levou Van Gogh a recorrer ao Ministério Público Federal em Ipatinga, em 8 de outubro de 2010. Na representação, Van Gogh faz extenso relato de todos os procedimentos anteriores e investigação da procuradoria federal sobre supostos crimes de prevaricação, omissão, negligência, descaso e má-fé. Com base em explicações do Ministério do Meio Ambiente, de que a criação de unidades de conservação, como pretendido por Van Gogh depende de uma série de requisitos básicos, incluindo estudos técnicos de mapeamento e levantamento de remanescentes da Mata Atlântica, o escritório de Ipatinga da Procuradoria Federal determinou o arquivamento de toda documentação, a partir do pedido de Van Gogh.

NOVO LANCE

Além de se mostrar insatisfeito com a decisão da Procuradoria Federal, ensejando recurso, Van Gogh abriu nova frente de batalha, desta vez dirigindo-se à Prefeitura e Câmara Municipal de Inhapim, e ao Ministério Público daquela comarca. Anteriormente, tanto a Câmara quanto a Prefeitura já haviam recebido pedidos de intervenção. Van Gogh lembra que tais documentos foram protocolados ainda no governo e legislatura passadas, em 2 de abril de 2008. “Nunca deram resposta”, lamenta o ambientalista.

FUTURO INCERTO

Van Gogh afirma que não desistir em seu esforço para preservar o que restou da Fazenda Água Limpa, em Itajutiba. No entanto, não sabe o que poderá acontecer, em vista do fracasso de todas as suas iniciativas anteriores. “O que lamento é ver o descaso em torno da fazenda; nada quero para mim, mas espero que alguém ou algum órgão público venha abraçar esta causa, que não é minha, mas da própria natureza”, conclui.